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O Futuro da Educação em Debate: o equilíbrio entre inovação e tradição

  • Foto do escritor: Priscila Z Vendramini Mezzena
    Priscila Z Vendramini Mezzena
  • 2 de set.
  • 3 min de leitura

Nesta manhã me deparei com um artigo sobre a Alpha School, rede com várias unidades nos Estados Unidos que propõe um modelo educacional inovador. Algumas de suas escolas atendem crianças a partir do Kindergarten até anos mais avançados.


Na Alpha, os alunos têm duas horas diárias de estudo com tutores de inteligência artificial, sem a presença de professores. O aprendizado ocorre de acordo com o ritmo individual de cada estudante, rompendo com o sistema tradicional baseado em séries escolares. Os adultos em sala atuam como guias, estimulando a independência no estudo e um growth mindset. Além disso, os alunos participam de workshops voltados ao desenvolvimento de habilidades, como public speaking e empreendedorismo. Segundo a própria escola, esse modelo permite que os alunos aprendam duas vezes mais rápido e apresentem resultados superiores à média nacional.


Uma crítica frequente é a de que esse formato afastaria os alunos do convívio social. Nos FAQs, porém, a escola ressalta que, além das duas horas de estudo individual, os estudantes dispõem de mais tempo de socialização com seus pares do que em escolas tradicionais.


O acesso, entretanto, não é para todos: a mensalidade da Alpha School parte de US$ 40 mil anuais.


É inegável que as fronteiras do conhecimento foram expandidas com a IA, trazendo novas formas de aprendizado e produtividade quando utilizada de forma adequada. Particularmente, uso ferramentas de IA diariamente — tanto em atividades profissionais quanto pessoais.


No campo da educação, faço uso desde a busca de referências e resumos até a revisão de textos e elaboração de exercícios práticos. Inclusive, já recorri à IA para propor atividades complementares de estudo para minha filha, que está no 5º ano do ensino fundamental. Sempre me preocupo em especificar bem as solicitações e validar as respostas apresentadas. Afinal, os resultados nem sempre são imediatos ou 100% precisos — por isso considero essencial ter conhecimentos prévios sobre a matéria e aplicar pensamento crítico no uso das ferramentas. Como mãe, busco formas de facilitar a internalização e a compreensão crítica de cada conteúdo, e não simplesmente o uso passivo do conhecimento.


Na sociedade moderna, é ampla a discussão sobre os impactos da tecnologia na socialização, em especial para crianças e adolescentes. As novas gerações nasceram digitais e interagem amplamente por meio de ferramentas de comunicação, mas é clara a necessidade de supervisão de pais e tutores quanto ao uso e aos acessos. É papel dos adultos filtrar conteúdos, moderar o tempo de tela e incentivar outras experiências igualmente importantes para o desenvolvimento emocional e cognitivo, como práticas artísticas, atividades físicas e socialização presencial.


Nesse cenário, observamos um duplo movimento: incorporar tecnologias desde os primeiros anos de vida, mas também regular seu uso diante de efeitos adversos. Exemplo disso são as leis que proíbem celulares em escolas em diversos países e o retorno a recursos analógicos em sistemas que haviam adotado tecnologia de forma ampla. Um caso marcante é o da Dinamarca, que em 2024 lançou um programa nacional para reintroduzir livros físicos nas escolas públicas, após identificar prejuízos na aprendizagem de leitura decorrentes do uso excessivo de telas. Sociedades de Pediatria, como a AAP (American Academy of Pediatrics), também estabelecem recomendações para o uso de telas por faixa etária. Para crianças acima de 6 anos, a AAP sugere a criação de um Plano Familiar de Uso de Mídia (Family Media Use Plan), que inclui manter as telas fora do quarto durante a noite, evitar o uso durante tarefas escolares, garantir tempo adequado de sono e atividade física, além de promover conversas sobre o conteúdo consumido.


Em síntese, o modelo educacional tradicional, baseado na recepção passiva de conteúdo, está claramente ultrapassado e não atende às demandas da nova geração nem aos desafios atuais. O desenvolvimento de habilidades socioemocionais e pessoais é hoje tão ou mais importante do que o domínio de conteúdos, especialmente porque a tecnologia já é capaz de executar com excelência não apenas tarefas repetitivas, mas também muitas que exigem conhecimento intensivo.


No entanto, é preciso considerar o estágio de maturidade e a bagagem de cada estudante: a tecnologia deve ser aliada no processo de aprendizagem, e não substituta de funções humanas essenciais — em especial o acolhimento emocional e o direcionamento durante o desenvolvimento. O foco não deve estar nas ferramentas como um fim em si mesmas, mas como meios de potencializar o aprendizado, sempre guiados por pessoas responsáveis e capacitadas, capazes de considerar as necessidades e particularidades de cada indivíduo.


Assim, o futuro da educação não será definido pela tecnologia em si, mas pela forma como elas serão integradas ao desenvolvimento humano. Livros, telas e IA são apenas ferramentas: o verdadeiro diferencial continuará sendo a capacidade de formar cidadãos críticos, adaptativos, criativos e empáticos — preparados para aprender, colaborar e se reinventar ao longo da vida.



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Priscila Z Vendramini Mezzena

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